Série “EE em casa”: 10 dicas de ouro para manter a eficiência das geladeiras

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Por Gabrielle Adabo
Revisão técnica: Rodolfo Gomes

Em tempos de pandemia e quarentena, a casa - e tudo o que tem nela - se tornou o espaço não só de descanso e lazer, mas de trabalho (ou de espera por trabalho). Se olharmos ao redor, podemos verificar que a energia tem um papel fundamental para assegurar nossas necessidades básicas e garantir nosso conforto ou desafogo para fazer as tarefas mais rapidamente para dar conta de tudo, seja como combustível no fogão ou alimentando os muitos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos. Neste momento, em especial, o uso de muitos equipamentos - como geladeiras, máquinas de lavar, aspiradores de pó - é uma questão não só de conforto, mas de saúde. Com mais gente em casa e o uso aumentado desses itens, a consequência pode ser o aumento na conta de eletricidade ou de gás ao final do mês. Mas será que é possível economizar energia mesmo neste momento? A Eficiência Energética (EE) diz que sim.

Para ajudar você, leitor, nessa missão, o MonitorEE começa hoje a série “EE em casa” com dicas de uso racional dos equipamentos e da energia. Nossa primeira “convidada” da série é a geladeira. Responsável pela conservação dos alimentos, ela é considerada um bem de necessidade básica. A geladeira apresenta um consumo de energia constante ao longo do dia, se comparada com os demais equipamentos na curva de carga do consumo médio das residências brasileiras (veja a figura abaixo). Isso porque a curva de carga apresenta as horas do dia em que os equipamentos são mais usados - o uso das lâmpadas, por exemplo, aumenta após às 18h, quando começa a escurecer - e as geladeiras permanecem ligadas o tempo todo, daí não haver os picos de consumo no gráfico para ela.

Em uma pesquisa rápida de geladeiras à venda hoje no mercado é possível ter uma ideia do quanto de eletricidade cada modelo consome. Um modelo mais simples de uma porta, com volume de 260 litros, consome em média 25 kWh por mês - o que dá um total de R$ 19,75 na conta de luz no final do mês, em uma conta feita com a tarifa atual (R$ 0,79/kWh). Para um modelo de duas portas, com volume de 340 litros, o consumo sobe para a média mensal de 50 kWh e R$ 39,50 na conta. Já para os modelos com três portas e volume de cerca de 540 litros, o consumo passa dos 70 kWh e R$ 55,30 de gasto ao final do mês. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as geladeiras antigas consomem uma média de 150 kWh por mês, o que daria o impressionante total de R$ 118,50 na conta de luz.

Tem alguma dúvida sobre algum termo ou medida de energia usado neste post? Acesse aqui o glossário preparado pela equipe do IEI Brasil.

Por ser um item doméstico essencial, e por os modelos antigos terem essa diferença gritante de consumo de energia em relação aos novos, a troca de geladeiras é uma ação bastante presente no Programa de Eficiência Energética (PEE) da Aneel. As concessionárias de energia elétrica realizam projetos de eficiência energética por meio desse programa. Informações da Base de Dados do MonitorEE mostram que, de 2008 a 2013, esses projetos promoveram a troca de 325.883 geladeiras - o número é bem maior que esse, na verdade, pois esses dados são apenas para os projetos aprovados pela Aneel. Para esse conjunto de geladeiras houve uma economia mensal média de 44 kWh. A tabela abaixo mostra a distribuição dessa economia de eletricidade por regiões do país:

Região do Brasil	Média da economia de eletricidade (kWh/mês)
Centro-oeste	73
Nordeste	45
Norte	Sem projetos
Sudeste	45
Sul	20
Não informado	42
Total Geral	44

Apesar de não podermos controlar por meio da função de liga e desliga o consumo da geladeira ao longo do dia como fazemos com as lâmpadas ou os televisores, por exemplo, há uma série de dicas de eficiência energética que podem ajudar a usar melhor esse equipamento e economizar eletricidade. A seguir, apresentamos 10 delas:

Regular o termostato da geladeira de acordo com as estações
Preste atenção à posição do termostato e ao clima: se estiver mais frio, a geladeira não vai precisar de tanta energia para conservar os alimentos; o termostato pode ficar mais próximo do mínimo, portanto. Deixe as posições mais próximas do máximo ou da capacidade total de resfriamento para os dias muito quentes.

Evitar abrir muitas vezes a porta da geladeira ou deixá-la aberta
A geladeira, explicando de uma maneira bem simples, é uma caixa fechada, cujo interior se quer deixar numa temperatura mais baixa do que a do lado de fora: quando colocamos o alimento dentro dela, ela faz o trabalho de “tirar” o calor dele para deixá-lo em uma temperatura mais baixa. Se você abrir a geladeira muitas vezes ou deixá-la aberta, o calor de fora do ambiente vai entrar e o frio de dentro vai sair e ela vai ter que fazer um esforço muito maior para resfriar, gastando mais energia. O melhor é abrir para tirar tudo o que precisa naquele momento.

Não guardar alimentos quentes na geladeira
Como a geladeira “tira” o calor do alimento para resfriá-lo, quanto mais quente esse alimento estiver, maior será o trabalho da geladeira para ele se tornar frio e, portanto, mais energia será gasta nesse processo. O melhor é esperar os alimentos esfriarem para só depois guardá-los na geladeira.

Não usar toalhinhas ou paninhos para forrar as prateleiras
As prateleiras da geladeira normalmente são em formato de grades por uma razão importante: permitir a circulação do ar frio por todo o seu interior. Se você colocar toalhinhas ou paninhos para forrá-las, estará obstruindo essa passagem de ar e fará com que a geladeira tenha que gastar mais energia para circulá-lo e resfriar todo o interior, alcançando a temperatura desejada. Além disso, o uso desses itens pode aumentar a proliferação de bactérias, vírus e fungos, o que não é nada desejável, ainda mais neste momento de pandemia. 

Não secar roupas na parte de trás da geladeira
Em muitas geladeiras, a parte de trás é onde ela joga para fora o calor que tira de dentro. Ao colocar a roupa atrás da geladeira você estará criando um "congestionamento" de calor, atrapalhando que ele saia da geladeira na velocidade necessária, o que aumenta o consumo de eletricidade.

Deixar a geladeira cerca de 10 centímetros afastada da parede
Essa ação permite que o calor que sai de dentro da geladeira e vai para essa região circule livremente. Se ela fica grudada na parede, o calor vai se concentrar e ela precisará gastar mais energia para fazer essa troca com o ambiente.

Verificar a eficácia da borracha de vedação da porta da geladeira e trocar quando necessário
A função da borracha de vedação na porta da geladeira é impedir que o ar frio saia e que o ar quente entre. Se ela estiver desgastada ou "fraca", não cumprirá esse papel bem. Por isso é importante verificá-la com frequência e trocá-la quando necessário. Existe um teste caseiro que pode ser feito para verificá-la colocando uma folha de papel ao fechar a porta e checando se a borracha oferece boa resistência ao tirá-la (se quiser saber mais, procure na internet por "teste da borracha da geladeira").

Não acumular gelo no congelador
Descongelar com frequência o congelador da geladeira, evitando o acúmulo desnecessário de gelo, também é uma ação de eficiência energética. O gelo em excesso funciona como um cobertor (isolante térmico) que impede o congelador de gelar na temperatura que precisa, fazendo com que a geladeira gaste mais energia para vencer essa barreira. Mas, atenção: não utilize nada pontiagudo para retirar crostas de gelo, isso pode furar a passagem do gás da geladeira.

Descongelar e desligar a geladeira quando for ficar muito tempo longe de casa
Se não tem ninguém em casa por um período muito longo (semanas ou meses), você pode pausar o gasto de energia desse eletrodoméstico. Não se esqueça de descongelar e limpar a geladeira antes e deixá-la aberta (dica tradicional para evitar o aparecimento de mofo e mau cheiro).

Utilizar a ENCE ao comprar ou trocar o aparelho
A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) guia o consumidor no momento da compra de um novo aparelho elétrico. A ENCE oferece importantes informações sobre o consumo de energia dos equipamentos e permite verificar qual o mais eficiente disponível para compra. Para usá-la você deve comparar as informações das etiquetas de geladeiras do mesmo tipo, volume e forma de degelo. Leia o post “O que é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)?” produzido pelo IEI Brasil para entender melhor como usar a ENCE (lá também tem um vídeo explicativo).

Leia mais:

Acesse aqui o segundo post da série "EE em casa".