Por Gabrielle Adabo
Um workshop on-line, realizado na tarde de hoje (22/05/2020), descreveu o planejamento e os passos para a elaboração do Plano Decenal de Eficiência Energética (PDEf). O workshop marca a primeira etapa do projeto, que deve terminar em dezembro deste ano quando será apresentado o Plano, o último de 11 produtos previstos. O trabalho é fruto do segundo Plano de Aplicação de Recursos do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), executado pela Eletrobras, com a participação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Ministério de Minas e Energia (MME) e desenvolvido pela empresa iX Estudos e Projetos.
Marcel Siqueira, gerente do Procel e responsável pela mediação do workshop, explicou que o foco desta primeira apresentação são os produtos estratégicos para o setor e que fornecem uma visão mais geral do plano, com um diagnóstico das ações existentes no país e propostas de aperfeiçoamento dessas ações e de novas ações transversais.
Tiago Barral, presidente da EPE, foi um dos participantes da abertura do workshop e destacou a importância de se evidenciar os benefícios da eficiência energética e de destacar o seu papel no planejamento energético brasileiro. “A eficiência energética é um recurso essencial. Aliás, ela é mais do que isso, é parte intrínseca de todo o sistema energético”, disse. Barral destacou que os ganhos de eficiência energética vão desde os econômicos, com o aumento da competitividade, até o bem-estar da população. Segundo ele, a eficiência energética pode representar ganhos que correspondem a 5% do consumo potencial em 2029, o equivalente a metade da geração da usina de Itaipu em 2019.
Frederico Araújo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), destacou a importância do Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além disso, Araújo falou da necessidade de se explorar o potencial no mercado brasileiro para a eficiência energética e que a estruturação desse mercado precisa ser feita em termos financeiros, em instrumentos contratuais e na medição e verificação. O desenvolvimento de instrumentos jurídicos e financeiros para que o setor se desenvolva no Brasil depende da verba do PEE, segundo ele.
Os pesquisadores Afonso Henriques Moreira Santos, da iX Estudos e Projetos, e Jamil Haddad, da Universidade Federal de Itajubá, foram os responsáveis por apresentar o plano de trabalho e os produtos técnicos, dentre os quais estão a atualização do Balanço de Energia Útil (BEU). O levantamento e a análise das principais ações e dos programas institucionais no Brasil e em oito outros países, além da identificação de pontos de aprimoramento e a elaboração de indicadores para acompanhamento, fizeram parte da metodologia de trabalho.
Dados de avaliações internacionais sobre eficiência energética apresentados pelos pesquisadores permitem posicionar o Brasil em relação a outros países. Esses dados mostram que o Brasil está atrás de países como Chile e México. O Regulatory Indicators for Sustainable Energy (RISE) 2018, que analisou a eficiência energética em 133 países, coloca o Brasil na 53ª posição, enquanto o Chile está na 42ª e o México na 34ª. Já dados do American Council for an Energy-Efficient Economy (ACEEE), com base em 25 países, colocam o Brasil na 20ª posição, enquanto o México ocupa a 12ª.
O workshop terá uma segunda etapa, que será realizada na próxima terça-feira, dia 26, às 14h, neste link. Nessa segunda parte do evento serão apresentados detalhes técnicos do desenvolvimento inicial do plano e dos primeiros produtos. Os encontros devem se repetir até o final do projeto. A gravação da primeira parte do workshop realizada hoje pode ser assistida aqui.
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